19 3234 9317 ibicamp@ibicamp.com.br

O PODER SARADOR DO EVANGELHO

O trecho básico

Nosso assunto, ao longo deste capítulo, será sobre O Poder Sarador do Evangelho. E estará baseado nestas palavras do Senhor Jesus, que encontramos no Livro de Marcos, capítulo dezesseis, versículos quinze em diante: E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer, será condenado. Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome expelirão demônios, falarão novas línguas, pegarão em serpentes e, se alguma coisa mortíferas beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre os enfermos, eles ficarão curados. Que Deus, na Sua infinita bondade, abençoando nossos corações, abra o nosso entendimento para compreendermos a Sua Palavra.

 

Jesus mandava, mas vivia o exemplo

Quando Jesus Cristo disse “ide por todo o mundo”, orientando o que deveria ser feito, o que deveríamos fazer, uma das coisas que verificamos na vida dos grandes mestres, e principalmente na vida do Mestre Jesus, não é simplesmente que Ele manda fazer, que Ele diz, “Ide!” –– não; quando deu essa determinação, Ele estava instruindo e orientando aquilo que Ele fazia na prática e que era a Sua vida. No Evangelho de Mateus, no capítulo nove, versículos trinta e cinco a trinta e sete, encontramos isto aqui, na prática: Jesus Cristo vivendo o que Ele estava ordenando que se fizesse, não é? Então no versículo trinta e cinco, diz: Percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando toda a sorte de doenças e de enfermidades. Aqui não é uma comissão que Ele mandou, não foi uma comissão que Ele levantou para que fosse fazer a obra, não; aqui nós encontramos o próprio Jesus, como diz a Bíblia, que “percorria todas as cidades e povoados”.

 

A retaguarda do missionário

Meu querido irmão leitor, quando o Senhor Jesus Cristo determinou Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho, instituíram-se dois tipos de pregadores na face da terra. Existem aqueles que vão e pregam e existem aqueles que estão simplesmente mandando, aqueles que estão enviando. Aquele que envia é que sustenta, que mantém a obra; mas aquele que vai, até os seus passos serão contados, com toda a certeza. E nós encontramos aqui que Jesus percorria todas as cidades e povoados. Isto, na realidade, é um dos maiores exemplos de missão. É um dos maiores exemplos de evangelismo. Não é simplesmente Deus na pessoa de Jesus dizer “vai!”; Ele veio, Ele deixou o Seu mundo de glória e desceu às regiões inferiores do Planeta Terra, e aqui está Ele, indo de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, entrando em cada sinagoga que encontrasse, e ali estava Ele anunciando, porque Ele sabia que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Somente o Evangelho pode tirar o homem da perdição e transformá-lo num verdadeiro cidadão do céu; somente o Evangelho tem poder para fazer o homem se levantar do monte de lixo em que vive e se sentar entre os príncipes do povo de Deus. Somente o Evangelho tem esse poder de transformar o homem corrompido, corrupto, violento, numa pessoa dócil, amável, num verdadeiro pai de família. E sabendo disso, Jesus Cristo não poupou qualquer esforço, pois está Ele aqui vindo de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, glória ao nome do Senhor para sempre!

 

Jesus ensinava continuamente

E diz aqui a Bíblia: ensinando nas sinagogas. O mesmo Jesus que disse “Ide, e ensinai todas as nações”, Ele não fica simplesmente num escritório, sentado ali, levantando fundos para mandar pessoas para o campo missionário. Absolutamente não. Nós O observamos dando este exemplo, e diz aqui a Bíblia, ensinando nas sinagogas; e as pessoas que O acompanhavam, os discípulos que estavam ao Seu lado, eles viam o exemplo deste Mestre que não apenas mandava, mas ia na frente, e fazia a obra, fazia o trabalho. E lá está Jesus, ensinando nas sinagogas, ensinando a Palavra de Deus, anunciando o Reino de Deus, aconselhando o temor do Senhor. Ou seja, explicando o cumprimento das Escrituras e como uma pessoa pode chegar no céu, alem de ser útil à sociedade, à família, à igreja, pelo cumprimento dos padrões estabelecidos na Palavra de Deus. Como viver cada um a sua vida de santidade e pureza, que é como deve ser.

 

Então, em primeiro lugar, nós observamos Jesus Cristo, Ele indo. Ele foi de cidade em cidade, de povoado em povoado; e em segundo lugar, ensinando nas sinagogas. E pregando o Evangelho do Reino. Foi o mesmo Jesus que disse: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. “Ide!” Só que Ele, antes de mandar que os discípulos fossem, Ele estava aqui dando o autêntico exemplo. Ele estava indo, Ele  estava pregando, Ele estava anunciando o Evangelho. E como os discípulos estavam sendo preparados? Desta maneira, vendo como procedia o seu Mestre; porque Jesus sabia que o Seu tempo aqui na terra, o Seu ministério entre os homens havia de ser muito curto. Naquele espaço de tempo Ele teria de preparar um grupo de seguidores para deixar aqui na terra, prontinho, para prosseguir a obra que Ele estava fazendo. Portanto Jesus não perdia tempo. As aulas que Ele dava eram aulas práticas, audiovisuais; as pessoas viam como Ele fazia, e depois não tinham dificuldades em repetir o que Ele estava fazendo. Isto aqui, irmãos, é o exemplo de vida, é o exemplo de procedimento, é o exemplo de atitude, é isto que nós temos de imprimir no coração e na vida daqueles que são nossos discípulos, para que eles possam ver em nós o exemplo, e fazer aquilo que você e eu estamos fazendo. Mas para isto é preciso que você seja o padrão dos fiéis. Que você seja aquela pessoa que está na linha de frente, dando exemplo com a sua própria vida, sua própria existência.

 

Não só ensinar, também curar

Mas diz também aqui, pregando o Evangelho do Reino, e curando toda a sorte de doenças e de enfermidades. Quando Jesus orientou lá em Marcos, capítulo dezesseis, versículo quinze, junto com a comissão Ele também conferiu poderes: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura; quem crer e for batizado será salvo e quem não crer será condenado. Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em Meu nome você pode pegar em serpente, ela não o vai picar; ou, se picar, não lhe fará dano nenhum. Em Meu nome você pode beber alguma coisa mortífera e tampouco isso lhe será prejudicial.” Podemos entender, assim, que Jesus Cristo determinou que cada um de Seus seguidores fosse e curasse enfermos.

 

Esta ordem Jesus deu praticamente no final do Seu ministério na face da terra. Por que já no final? Porque, antes, Ele estava aqui dando o exemplo, mostrando como se faz. E quando você observa o comportamento, ou o ministério de Jesus Cristo, aqui entre os homens, você vai ver que Ele saía pregando o Evangelho e as multidões O acompanhavam, as multidões O seguiam. Mas grande parte dos seguidores de Jesus Cristo, sabe quem eram? Eram pessoas que tinham sido curadas milagrosamente pelo Seu poder: era aquele ex-cego, aquele ex-coxo, aquele ex-leproso, aquele ex-bandido, aquela ex-prostituta, aquela ex-devedora –– enfim, a vida de Cristo era seguida de perto por pessoas que tinham sido beneficiadas justamente pelos milagres que Ele operara em suas vidas, transformando o seu viver, dando a todos uma verdadeira dignidade. Porque uma pessoa que vive doente, numa cadeira de rodas, numa cama, sem se poder movimentar, esta pessoa, como um ser humano, se sente totalmente marginalizada. Jesus não quer as pessoas em cadeira de rodas, imobilizadas numa cama, lamentando a sorte na pobreza, no desemprego.

 

Não, por onde Ele passava, dava solução a todos problemas, a toda sorte de dificuldades. Ele levantava o defunto, fazia o coxo andar! Isto levava a que as pessoas se sentissem novamente humanas, dignas, e a gratidão dessas pessoas com respeito a Jesus Cristo era tão grande que elas, a partir daquele instante, abandonavam tudo, porque já não tinham nada, e passavam a seguir a Jesus, testemunhando os milagres que Ele operava. Estas próprias pessoas serviam como um verdadeiro exemplo para os outros, como porta-vozes do ministério de Cristo, divulgadoras da obra que Jesus Cristo realizava.

 

Vale para hoje? Certamente!

Então a cura divina faz parte do Evangelho, faz parte da pregação, é um dos meios e sinais que o Senhor usa para atrair as pessoas; e do que é que nós estamos precisando nos dias de hoje? É justamente pregar este poder, e ver o milagre acontecer, porque as pessoas, vendo esses milagres, com toda a certeza irão crer no poder do Evangelho –– porque o poder do Evangelho não é apenas o poder da pregação que transforma, mas também daquela que cura: isto aqui é o poder que o Senhor tem para nos dar.

 

Jesus ia atrás de Seus ouvintes

Outra característica do ministério de Jesus, que observamos nesse versículo trinta e cinco do capítulo nove de Mateus, é que Jesus percorria todas as cidades. Percorria. Não ficava parado, mas ia de povoado em povoado, ensinando. Ele mandou os discípulos ensinar, nas sinagogas, pregando o Evangelho; Ele mandou todos os seus discípulos para pregar e curar, e deu o exemplo. Ensinou em todas as oportunidades, e curou toda a sorte de doenças e de enfermidades. Isto também faz parte do Evangelho. A saúde das pessoas, a cura divina, é parte integrante do Evangelho. No dia que nós entendermos isto, passaremos a pregar mais a cura divina, porque o maior exemplo que temos de cura está na pessoa de Jesus Cristo. Foi Ele que disse para curar, mas pouco se prega sobre cura. Porque diz a Bíblia que estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem. Parece que a fé está hoje como um objeto em falta no mercado. A fé, hoje, praticamente não é exercitada, de maneira que nós vejamos os milagres acontecerem.

 

Testemunho pessoal

Meu prezado amigo leitor, permita-me dizer-lhe que muitas vezes eu me vejo cobrando a mim mesmo, no meu ministério: por que, no meu ministério, eu não vejo mais curas e milagres acontecerem? Eu deveria de fato ver muito mais, porque Jesus Cristo deu o exemplo, e disse para irmos e curarmos; é uma ordem. Note que a mesma ordem que Ele deu para pregar, Ele a deu também para curar, e Aquele que dá o respaldo à pregação é também o Mesmo que dá o respaldo para a cura. Aquele que faz a palavra ficar impressa no coração do pecador é Aquele que promove a cura divina física nas pessoas que estão nos ouvindo. A cura divina faz parte integral da pregação do Evangelho. Não podemos viver sem pregar a cura divina.

 

O risco de transformar a pregação em belos discursos

Parece que nós pregamos hoje um Evangelho exclusivamente social. Isto é, nós queremos pregar mensagens que as pessoas gostem, aplaudam, e venham depois a pegar na nossa mão e dizer: “Muito bem, que mensagem maravilhosa foi essa!” Meu querido irmão, pregar mensagem bonita, mensagem burilada, que as pessoas venham a aplaudir, e não vermos resultados da salvação e da cura, então isto não adianta absolutamente nada. Nós precisamos pregar e ver a salvação, e também devemos pregar e ver a cura acontecer! É isso que marcava o ministério de Jesus Cristo. E Ele jamais iria recomendar que você fizesse uma coisa naturalmente fora do seu domínio. Está ao seu alcance tanto pregar como curar, foi Ele que mandou, foi assim que Ele determinou.

 

A legítima pregação é confirmada por Deus

Na Carta aos Hebreus há algo realmente importantíssimo com respeito a este assunto. Abra a sua Bíblia na Carta aos Hebreus e verifique aqui o que diz a Bíblia Sagrada, capítulo dois, versículos três e quatro: Como escaparemos nós se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor –- foi Ele que iniciou –- foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram, dando Deus testemunho, juntamente com eles, por sinais, prodígios, vários milagres e por distribuição do Espírito Santo segundo a sua vontade. Veja bem, dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios, milagres e distribuição do Espírito Santo, segundo a sua vontade. Você já observou como é que o Senhor confirma a sua pregação? Você já percebeu aqui na Bíblia como é que o Senhor confirma que o Evangelho que você está pregando é Evangelho de poder? Aqui está: Ele confirma que aquilo que você está pregando é o autêntico Evangelho. E como Ele confirma isso? Porque na hora que você prega existe cura, na hora que você prega o coxo tem de levantar, na hora que você prega o cego tem de ver, na hora que você prega você vê a salvação, porque Ele confirma a autêntica e verdadeira pregação do Evangelho. Se é Evangelho, existem milagres em seus efeitos. O Senhor confirma a pregação com prodígios extraordinários. E é isso que nós precisamos ver, irmão. Nós precisamos deixar de pregar aquele evangelho social, aquele evangelho que as pessoas vêm atraídas por outros homens: “Olha, eu vou hoje ouvir o pregador Fulano de Tal, porque, sabe, aquele homem prega que é uma maravilha. Ele, quando prega, a gente, ahn!, entende bem a mensagem dele”. Tudo muito bem, isso é bom, isso é importante, isso faz bem para o ego, mas será que é o autêntico Evangelho? Que é acompanhado com a ministração da cura divina e do poder de Jesus Cristo na vida das pessoas? Precisamos parar, analisar isto com carinho, analisar com cuidado, porque com toda a certeza uma das evidências de que Deus está na nossa pregação, é que Ele a confirma através dos milagres que Ele opera, da cura que Ele realiza durante o momento em que você está ministrando a Palavra de Deus. Glória a Deus!

 

Certa “miopia” muito defendida

Essa história que Deus consentiu em milagres somente no Primeiro Século, que todos esses dons foram eficazes somente para a Era Apostólica –- então meu filho, feche o Evangelho, feche a Bíblia, porque é um livro ultrapassado, é um livro antiquado, é um livro que não tem mais efeito na atualidade. Se a cura divina, se os dons espirituais, se o batismo com o Espírito Santo era apenas para o Primeiro Século, então o que é que eu estou fazendo aqui? O que é que eu estou pregando nestes dias, se Jesus Cristo não confirma mais? Mas irmãos, glória a Deus, nós temos presenciado no decorrer do nosso ministério, milagres acontecendo; milagres extraordinários que se sucedem, são coisas realmente magníficas.

 

Uma cura maravilhosa

Eu estava uma ocasião pregando numa cidade, e de repente se aproximou uma senhora e disse: “Pastor Jorge, o irmão pode orar por mim?” Quando olhei para aquela mulher, nem precisei perguntar o que ela tinha. Porque a mulher estava com a tireóide do tamanho de uma laranja no pescoço. Era uma coisa horrível, parecia uma mulher com duas cabeças. E naquele instante, quando olhei para aquela mulher, eu disse: “Vou orar pela irmã; eu quero que a irmã venha ao culto nesta noite, porque eu estou pagando um preço para que Jesus Cristo, hoje, Ele faça um milagre na sua vida.” E quando chegou a noite, acabamos de pregar, e fomos orar pelos enfermos; chamamos os enfermos à frente. Quem estava bem na minha frente? Aquela senhora, com aquela tireóide enorme no pescoço. Naquele instante pedimos que as pessoas colocassem as mãos sobre a sua enfermidade. Aquela mulher colocou; e quando oramos, e repreendemos a enfermidade, quando abri os olhos, eu disse: “Irmã, cadê a tireóide que estava aí no seu pescoço?” Quando ela apalpou, não estava mais! Aleluia! Jesus Cristo é o mesmo de ontem, e de hoje, e eternamente, Ele é o grande Jeová-Rafá, Ele é o Senhor que sara, perfeitamente, ainda hoje! O Evangelho é tão atual como qualquer coisa que você esteja vivendo neste exato momento! Glória ao nome de Jesus!

 

Caminhos escolhidos pelos homens…

Muito bem. Estamos meditando na Escritura Sagrada, a Palavra de Deus, e vamos prosseguir em Mateus, no capítulo nove, onde vimos o versículo trinta e cinco. Passemos agora para o versículo trinta e seis. Diz o seguinte: Vendo eles as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas, exaustas, como ovelhas que não têm pastor. No coração de Deus, na pessoa de Jesus Cristo, há um amor que não se encontra em nenhum ser humano na face da terra. O amor ágape autêntico, puro, cristalino, encontra-se no coração de Jesus Cristo. E se há uma coisa que Ele nunca planejou, nem desejou ou pensou, é que as Suas criaturas vivessem sofrendo neste mundo. Mas infelizmente a desobediência afastou a humanidade da presença de Deus, e os homens começaram a traçar os seus próprios caminhos; e há caminhos que para o homem parecem de vida, mas no fim são caminhos de morte [ [1] ]: são estes os caminhos escolhidos pela raça humana. É quando nós observamos que Ele, vendo as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam como ovelhas que não têm pastor, aflitas e exaustas.

 

… parecem-se com os das ovelhas sem pastor

Você naturalmente já deve ter estudado algum assunto relacionado à ovelha. Então você sabe que a ovelha é um tipo de animal tão inocente, tão dócil, que você o leva para o matadouro e ele não abre a boca; está sofrendo e não reclama absolutamente de nada. Você também sabe que uma ovelha não pode viver sem pastor porque não sabe regressar para o aprisco, não sabe procurar o pasto verdejante, nem a água tranqüila. Ela precisa de alguém que oriente. É por isso que é necessário um pastor, perto de toda a ovelha. É o pastor que a leva para o pasto verde; e se ele a abandona, ela baixa a cabeça, vai em frente, e daqui há pouco sai do pasto verde, entra no pasto seco; ela caminha e caminha; lá adiante, se houver um abismo, ela não sabe nem como se desviar. E cai mesmo no precipício. É por isso que todo o pastor sempre tem um cajado, aquele pau, ou vara, com a ponta encurvada, feito uma bengala, para puxar a ovelha quando estiver no precipício. Se for beber água onde há ondas, ela morre afogada. Porque as águas entram no seu nariz e ela se afoga. É por isso que ela tem de beber água em lugares tranqüilos. Então a ovelha tem de ser dirigida por um pastor. Agora imagine você o que significa um rebanho de ovelhas sem um pastor, sem ter alguém que lhe dirija e guarde os passos. Essas ovelhas vão caminhando, vão se cansando, ficam exaustas, caem de exaustão, porque não sabem tomar o caminho de volta para o aprisco, ou para o pasto verdejante; perdem-se, simplesmente. E quando Jesus Cristo olhou para as multidões, diz aqui a Bíblia Sagrada, Ele observou que estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor. Justamente é este o sintoma da humanidade. A humanidade inteira, infelizmente, não tem um pastor. Cada um procura neste mundo seguir o curso do seu próprio raciocínio, da sua própria personalidade, da sua própria natureza. O mundo aí fora, que não tem um guia, um líder, um orientador, que não tem alguém para ajudar, orientar e encaminhar na vida, uma pessoa simplesmente vai enfadar-se, vai exaurir-se e terminará caindo, porque não recebe a orientação adequada, no caminho certo, no verdadeiro caminho a seguir. E diz aqui a Bíblia que Jesus Cristo viu as multidões e compadeceu-se delas porque estavam exaustas. A exaustão resultante de correr de um lado para o outro leva simplesmente a ovelha a sucumbir, a morrer. Ele percebeu esta situação dolorosa da raça humana.

 

E não é assim hoje?

Irmãos, quando olhamos para a humanidade hoje, toda ela está exausta, correndo atrás da religião, correndo atrás das boas obras, correndo atrás das fortunas desta vida, correndo atrás da fama, correndo atrás de uma porção de coisas que não levam a lugar nenhum. Isto tem feito com que muitas pessoas caiam exaustas, e depois que não têm mais o norte e orientação da vida, elas cambam para a droga, caem em depressão, até pedem para morrer, porque a vida perdeu o seu sentido e o seu significado. Elas estão exaustas porque agem como ovelhas que não têm pastor, não têm alguém que as oriente. É totalmente diferente daquelas pessoas que já aceitaram Jesus como seu salvador pessoal. Pois a partir do momento em que o homem aceita Jesus, ele tem um pastor, ele tem um guia, ele tem um líder, ele sabe para onde está sendo conduzido, para onde está sendo levado. Toda a exaustão acaba no momento em que o homem se encontra com Jesus Cristo. Mas fora disto, o que vemos? Uma humanidade exausta, cansada, frustrada, envelhecida, uma humanidade que chega ao fim da existência e diz: “Cheguei ao final da vida, cheguei ao fim da carreira, e não sei o que foi que eu vim fazer na face da terra! Eu não sei o que foi que eu fiz da minha própria vida, durante todo esse tempo.” Cai exausta, morre, e parte para a eternidade sem saber o que veio fazer neste mundo. Justamente porque não tem um guia, um líder, alguém que esteja à sua frente. E nós encontramos aqui que Jesus, vendo as multidões, compadeceu-Se delas, porque estavam aflitas e exaustas, como ovelhas que não têm pastor, ovelhas que não têm pastor.

 

Qual o rebanho de Jesus?

Quando você analisa este trecho bíblico aqui, como ovelhas que não têm pastor, você fica perguntando: “Mas ‘vem cá’: e o que é que Jesus Cristo era para aquele povo? O que é que Jesus era para a aquela multidão? Ele não era o pastor deles?” Olha, eu tenho uma notícia para lhe dar. Não, não era. Jesus Cristo tinha um rebanho. Ele tinha um rebanho de doze pessoas, de doze homens. Esses doze homens dependiam Dele durante todo o Seu ministério. Estes doze homens estavam com Ele em casa, estavam almoçando, estavam no campo, estavam na praia, estavam no monte, estavam em tudo quanto era lugar. Estes homens que andaram com Jesus Cristo eram as Suas ovelhas. E sobre estas ovelhas, Ele chegou a dizer um dia, Pai, nem um dos que me deste se perdeu, a não ser o filho da perdição [ [2] ].

 

Porque Ele tinha aquele cuidado, aquele carinho com os Seus discípulos. Onde Ele ia, Ele os levava, e cuidava e tratava deles. E felizmente Ele estava sempre presente na vida daqueles doze, e não na vida daquela multidão. E diz que Ele viu as multidões como ovelhas que não têm pastor. Ovelhas que não têm pastor. Para você entender o ponto que Jesus Cristo quer chegar aqui, quando Ele viu aquela multidão, no versículo trinta e sete Ele faz um apelo sincero, um apelo até certo ponto dramático, porque drama é ver uma multidão sem pastor, sem orientação, sem referencial, sem líder. Como diz Ele aqui: Então se dirigiu a seus discípulos, dizendo, a seara na verdade é grande; mas os trabalhadores são poucos. Rogai pois ao Senhor da seara para que mande trabalhadores para a sua seara.

 

Há suficiente número de bons pastores?

Você está entendendo aqui este pedido, esta oração? Você está observando a que ponto Jesus Cristo quer chegar? Ele viu a multidão. Aquela multidão nada mais é do que o exemplo da própria humanidade inteira, o mundo que jaz no maligno, que anda sem orientação, que vive praticamente perdido, que não tem um norte, que não tem um líder que o conduza; e quando encontra um, ou outro, na realidade são pessoas que levam para lugares diferentes –– o bom pastor, diz a Bíblia, ele dá a vida pelas ovelhas. O bom pastor leva as ovelhas para o aprisco e livra as ovelhas dos lobos e dos leões. O bom pastor leva as ovelhas para águas tranqüilas de descanso, para os pastos verdejantes. O bom pastor é aquele que gasta tempo e até vive e convive com as ovelhas.

 

Lembra-se, quando procuraram Davi, onde é que ele estava? Estava no campo, acompanhando as suas ovelhas. E quando foi mandado pelo pai para levar pães para seus irmãos que estavam no campo de batalha, naquele momento o pai disse: “Filho, eu estou preocupado com as ovelhas, que vão ficar sem ninguém”. Ele disse: “Eu já providenciei alguém para ficar com elas”. Porque sabia que ovelha não pode ficar só, tem de ter alguém para cuidar dela, para tirar carrapicho, para livrar dos lobos, para livrar de ser desencaminhada, de ir para outros lugares que são indevidos. E a humanidade não tem este referencial. É por isso que a humanidade procura na macumba, na religião, no espiritismo, no budismo, no confucionismo, no islamismo. Procura, por que? Não existe um referencial, não existe um líder autêntico que dê a vida por elas, e Jesus está dizendo aqui para os Seus discípulos: Rogai pois, ao Senhor da seara, para que mande trabalhadores para a sua seara. A seara na realidade é grande, mas são poucos os ceifeiros. São poucos os ceifeiros. Rogai ao senhor da seara para que mande trabalhadores para a sua seara. É possível que você se vire para mim agora e diga: “Mas Pastor Jorge, eu creio que não é mais tempo de orar para Deus mandar trabalhadores, porque as igrejas estão cheias de diáconos, presbíteros, evangelistas, pastores, missionários, e agora têm bispos, até apóstolos, e daqui há pouco vai ter semi-deus –– enfim, já existe praticamente um mundo incrível, tão grande, que já estão criando novos títulos para fazer distinções. Assim, parece que já existe tanto obreiro no mundo que não se necessita mais orar para que Deus mande obreiros para a Sua seara. Em determinadas denominações o mundo de obreiros é tão grande que ficam se chocando uns contra os outros, todos esperando a oportunidade de alguém se aposentar ou morrer, para que sua posição seja ocupada. Por isso, parece que esse tempo de orar para que Deus mande obreiros para a sua seara, na realidade, já passou, não precisa mais. Vamos usar o que temos aí.”

 

Como é mesmo o bom pastor?

Mas eu quero que você entenda uma coisa. Você viu o exemplo de Jesus, você observou que o bom pastor não apenas pastoreia, mas convive, ele até mora e dorme onde estão as ovelhas? O seu cuidado é grande, ele está ali diuturnamente. O bom pastor não é aquele que dá simplesmente um expediente, que fica aqui no gabinete, determinando as ordens. Não é aquela pessoa que chega ali na linha de frente e não sabe nem o que é que vai dizer. Então, quando Jesus disse, dirigindo-se aos discípulos, a seara na verdade é grande, mas os trabalhadores são poucos, se Jesus está dizendo são poucos, é porque são poucos; não essa multidão de pessoas que estão aí se atropelando! Meses atrás estive presente à cerimônia de consagração de obreiros  de uma igreja. Eram tantos que nem a igreja comportava, e assim a consagração foi feita num estádio de futebol. Eram milhares de pessoas que estavam sendo separadas para o ministério. Eu pergunto a você, será que essas pessoas estão enquadradas naquilo que Jesus está dizendo aqui, “que os trabalhadores são poucos, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos”? Irmão querido, eu quero que você entenda que há muitas pessoas hoje procurando ministério porque ministério dá “status”. Elas pensam que dá “status”, entendem que ministério é coisa para o seu nome aparecer; muitas pessoas imaginam que ministério é você colocar-se lá perante um público e ficar preenchendo tempo com coisas que não levam a lugar nenhum. Para tais pessoas ministério é falar bonito, eloqüentemente; mas se não se tem a sabedoria de Deus, isto não adianta absolutamente nada! Precisamos entender que são poucos os trabalhadores. São poucos aqueles que estão dispostos a renunciar, são poucos aqueles que estão dispostos a pagar o preço, são poucos aqueles que estão disponíveis integralmente para servir a Deus como deve ser, são pouquíssimos! É por isso que Jesus disse, são poucos os trabalhadores. Há muita gente no ministério, mas trabalhadores… obreiros verdadeiros, são poucos. Diz Ele: “a seara na realidade é grande, mas são poucos os ceifeiros” –– ceifeiros de qualidade, homens preparados, homens que estão realmente habilitados para pregar o Evangelho. Não é para encher lingüiça! Perdão com a expressão da palavra, mas ficar preenchendo e tomando tempo das pessoas que estão na sua igreja é exatamente isso.

 

A vida e o método de Paulo

Vamos mudar de cenário e ver o que registra o capítulo dezoito do livro de Atos dos Apóstolos, onde encontramos Paulo anunciando Jesus na cidade de Corinto. No versículo onze está escrito: E ali permaneceu um ano e seis meses, ensinando entre eles a Palavra de Deus. Um ano e seis meses era o tempo que as pessoas passavam aos pés do Apóstolo São Paulo se preparando para depois sair pelo mundo a pregar o Evangelho. No capítulo dezenove, quando Paulo está em Éfeso, no versículo dez, diz assim: Durou isto pelo espaço de dois anos, dando ensejo a que todos os habitantes da Ásia ouvissem a palavra do Senhor, tanto os judeus como os gregos. Veja só, dois anos preparando, discipulando, dando um curso bíblico para aquelas pessoas, de forma que elas não saíssem por lá pregando heresias, pregando tolices, pregando coisas indevidas! E nós encontramos hoje pessoas que não têm nenhuma formação teológica querendo ser obreiro. É por isso que Jesus diz, “são poucos os obreiros”, são poucos os homens qualificados e preparados, são poucos os que querem pagar o preço para fazer a obra de Deus como ela deve ser. Juntar um monte de gente e dizer “tenho um monte de obreiros na minha igreja”, isso é uma coisa. Irmãos queridos, nós precisamos entender, quando o Senhor disse através de Jeremias, “maldito é aquele que faz a obra do Senhor relaxadamente” [ [3] ], que o elemento, só porque passou seis meses numa igreja, mal ia à escola dominical, não se pode considerar habilitado; daqui há pouco se rebela contra o seu pastor, sai, chega lá adiante e funda uma coisa que ele chama de igreja. E começa a criar um monte de pessoas do jeito que ele é; a seu tempo essas pessoas vão gerar divisões, novas pessoas que se levantam à toa contra sua liderança –– uma coisa que começa errada termina errada.

 

Um ministro  precisa ser provado

Quando se constrói alguma coisa num alicerce que não presta, toda a construção vai ruir depois. Precisamos entender que Evangelho não é objeto de brincadeira. Vamos observar, por exemplo, no mundo dos homens. Você teria coragem de dar o seu coração para ser operado por alguém que nunca fez um curso de medicina, que nunca estudou numa faculdade, pelo menos oito ou dez anos para chegar ao ponto de fazer uma cirurgia do coração? Você daria o seu coração para uma pessoa que ainda não está formada realizar uma cirurgia nele? Você daria? Você daria o seu fígado para ser transplantado por um acadêmico que ainda está aprendendo a arte da medicina? Você daria os seus olhos para serem operados por uma pessoa que tem apenas seis meses de escola de enfermagem? Você não faria isso porque você não é louco, você não é doido para fazer uma coisa dessas. No campo racional existe uma exigência como esta, em que as próprias autoridades impedem que homens exerçam a medicina, sem que comprovem uma formação adequada. Mas no mundo espiritual, irmãos, a coisa é diferente. No mundo material o máximo que você pode fazer com uma pessoa é matá-la fisicamente, daí nada mais; mas quando você mata uma pessoa espiritualmente, você está mandando uma vida para o inferno, para viver eternamente na escuridão.

 

Pastor não se deve improvisar

É preciso que entendamos que a responsabilidade que pesa sobre nós é muito grande. Algumas pessoas afirmam que Paulo, ao acabar de se converter, já saiu pregando. Não, não, ele teve com toda a certeza de se aprimorar, buscar conhecimento, na presença de Deus, e foi depois de catorze anos, como diz Gálatas, que ele voltou a Jerusalém e dali começou o seu ministério. Hoje o elemento acaba de se converter e já quer ser pastor. Então alguém lhe dá uma credencial: “Venha para cá que eu o vou fazer pastor!” O que é isso? Nós precisamos entender que Evangelho não é particularidade sua, não é propriedade sua, não, o Evangelho é poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê [ [4] ]! Testemunhar é uma coisa. Testemunhar é você mandar a igreja inteira cumprir seu papel, isso faz parte do seu ministério pastoral,  mandar que as pessoas distribuam folhetos, dêem testemunho, ir ali e mais adiante entregar uma palavra, isto faz parte da vida da igreja; agora, obreiro, obreiro, obreiro aprovado… [ [5] ]

 

Uma das qualificações que o Apóstolo São Paulo pede na Primeira Carta a Timóteo, a primeira coisa que ele diz, é que convém que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que domine bem a sua casa; depois, que não seja neófito [ [6] ] –- neófito, analfabeto na palavra, que tenha pouca experiência, sem vivência bíblica, sem um curso à altura do exercício do ministério que ele vai executar. Meus irmãos, precisamos entender e levar a coisa realmente a sério. Jesus Cristo viu as multidões que estavam como ovelhas que não têm pastor. E ali pediu aos seus discípulos que rogassem ao Senhor.

 

Obreiro do Senhor, seja responsável!

Rogai a Deus, o Senhor da seara, é Ele que vai mandar, não sou eu que vou escolher, porque o Fulano fala bonito, porque tem uma posição bonita, porque tem um diploma de curso superior. Não é por aí; é rogar a Deus, e Ele vai mandar o obreiro ideal para a seara, e você não vai ser envergonhado. Precisamos colocar a casa em ordem. Porque a prestação de contas vem, e Aquele que disse que vem, virá, e não tardará. A minha oração neste momento é que você leve a sério realmente aquilo que Deus tem para a sua vida, e para o seu ministério. Você quer ter um ministério bem sucedido, quer? Você quer ser bem assessorado, quer? Não precisa escolher montes de pessoas para estar ao seu lado. Rogue ao Senhor da seara, e Ele vai mandar a pessoa adequada para tanto, trabalhando na obra do Senhor. Que Deus abençoe o seu ministério, irmão. Que Deus abençoe a sua vida, e tudo aquilo em que você está empenhado. Que você possa fazer de coração, mas também com qualidade, e com preparo. Que Deus abençoe a todos os seus súditos na Sua infinita misericórdia.

[ [1] ] Pv 16:25.

[ [2] ] Jo 17:12.

[ [3] ] Jr 48:10a.

[ [4] ] Rm 1:16.

[ [5] ] II Tm 2:15.

[ [6] ] I Tm 3:6.